segunda-feira, 30 de maio de 2011

A cadeira do motorista

Não sei se isto é um mal de quem estuda música, mas o fato é que quando nos dispomos a estudar sobre os sons, parece que nossos ouvidos se abrem ainda mais. Passamos a ouvir coisas e prestar atenção em sons que antes não nos chamavam a atenção. Com isto, surgem as discussões sobre ruído, barulho, poluição sonora e até surdez.

Sim, porque nossa sociedade está cada dia mais surda e um dos principais vilões é o fone de ouvido.

Estamos anestesiados e muitas vezes não percebemos que estamos imersos em ambientes ensurdecedores. Ontem, fui a uma festa de aniversário na Cachaçaria Água Doce. O ambiente estava bom até que uma dupla começou a tocar. Eles cantavam e tocavam super bem, mas o som estava tão alto que saí de lá com dor de garganta: para conversar era preciso gritar.

Na minha opinião, os músicos não deveriam se sujeitar a tocar nessas condições porque isto faz mal para eles também. Imagina frequentar ambientes com esta potência sonora TODAS as noites: em breve, eles estarão surdos, algo muito preocupante para um músico. Eles deveriam ser os primeiros a se preocuparem com o volume e a qualidade sonora dos sons que emitem: o som estava super alto, mas eu não entendia uma palavra do que eles cantavam. Na minha opinião, um músico tem que se preocupar com isto também: a qualidade do som!

Só para descontrair: dia desses eu estava no ônibus, sentada bem atrás do motorista e comecei a prestar atenção no barulho que a cadeira dele fazia. Aposto com vocês que o motorista nem ouve mais este som (se é que alguma vez tenha prestado atenção nele): ele se anestesiou para não enlouquecer. Eu fiquei só alguns minutos sentada ali e já estava com vontade de jogar a cadeira pela janela, imaginem ele que fica sentado ali por horas. Abaixo tem uma gravação do barulho da cadeira - bendita tecnologia que nos possibilita isto.



PS: Estou ficando viciada em gravar os sons que ouço mundo afora. Tem cada coisa interessante e engraçada! Um dia um garoto estava falando ao celular (de novo dentro do ônibus) que conheceu a menina com quem ele ia casar. Ele dizia bem alto para todo mundo escutar: "Eu estou te falando cara, esta menina é pra casar. Ela é novinha, uma menina nova. A gente vai casar, mas só vamos pensar nisto quando tivermos 26 anos!" O detalhe é que ambos tinham 16 anos! AHHHHH, a doce ilusão do amor! Fiquei tentada em gravar a conversa só pra poder ouvir com mais calma a voz da ingenuidade, mas achei que seria muita invasão de privacidade (mesmo que ele estivesse gritando para quem quisesse ouvir).

domingo, 29 de maio de 2011

Que música você está ouvindo?

Esta pessoa fez uma coisa que eu sempre tive vontade de fazer. Quem sabe um dia eu me animo e faça uma versão desta enquete aqui no Brasil!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

Cenas da Pensão - Parte 2

Continuando a série de posts sobre a Pensão dos Ratões, hoje falaremos de uma coisa boa.
Em nosso quintal temos um caquizeiro. Isto seria ainda melhor se eu gostasse de caqui, mas não é o caso (bem que poderia ser uma jabuticabeira, mas...).
O lado bom disto é que o pé é super carregado, com frutas bem grandes e bonitas. Isto atrai muitos passarinhos e é muito divertido ficar observando eles comerem as frutas. Muitos caquis, quando caem do pé, estão bicados. Eu sei que é uma coisa simples, mas acho super divertido poder observar isto e ouvir os passarinhos pousando nos galhos, batendo nas folhas e brigando por um pedaço de caqui maduro.
Estas são coisas difíceis de observamos nas cidades, mas aqui em Barão Geraldo (Campinas), temos este privilégio!



sábado, 21 de maio de 2011

Oração - A Banda mais bonita da cidade

O que a gente faz quando ouve algo tão bonito assim?
Senta, fica quieto, escuta com atenção e aprecia.
Por que a vida não pode sempre ser tão linda assim?

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pipoca do Valdir

Recebi este vídeo de um amigo e achei fantástico. Muitas lojas badaladas e restaurantes deveriam aprender com o Valdir, exemplo de criatividade e respeito com o cliente.
Este senhor pode encher a boca para falar que é um EMPRESÁRIO. Se todos os estabelecimentos tivessem estas premissas como norma, garanto que o PROCON teria bem menos trabalho.
Parabéns Valdir! Quando estiver em Curitiba e tiver oportunidade, será com muito prazer que comprarei pipoca na sua banca.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nota de repúdio às piadas de mau gosto do “humorista” Rafinha Bastos

Uma amiga minha mandou este texto via twitter e achei que valia a pena compartilhar. Não acho que violência seja tema de piada, principalmente quando é o "estupro". Na minha opinião, este é um dos piores crimes que se pode cometer. Depois que li o livro "Sorte: um caso de estupro", da escritora Alice Sebold, consegui entender melhor como se sentem as mulheres que sofrem este tipo de violência. A autora conta o que se passou com ela depois que foi vítima de um estupro. É um relato chocante, que mostra como as vítimas precisam de coragem para enfrentar e superar, se possível, o trauma. Se acontecesse com a esposa ou filha do tal Rafinha Bastos, duvido que ele faria piada.

















Data: 11/05/2011

A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) vem a público manifestar sua indignação pela maneira como o “humorista” Rafinha Bastos, da TV Bandeirantes, faz piadas com os temas estupro, aborto, doenças e deficiência física. Segundo a edição desse mês da Revista Rolling Stone, durante seus shows de stand up, em São Paulo, ele insulta as mulheres ao contar anedotas sobre violência contra as mulheres.“Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho. Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso [estupro] não merece cadeia, merece um abraço”. Isso não é humor, é agressão gratuita, sem graça, dita como piada. É lamentável que uma pessoa - considerada pelo jornal The New York Times como a mais influente do mundo no twitter -, expresse posições tão irresponsáveis e preconceituosas. Estupro é crime hediondo e não requer, em nenhuma hipótese, abordagem jocosa e banalizada.

Vale lembrar que qualquer mulher forçada a atos sexuais, por meio de violência física ou ameaça, tem seus direitos violados. Não há diferenciação entre as vítimas e, tampouco, a gravidade e os danos deste crime diminuem de acordo com quaisquer circunstâncias da agressão. Assim, a SPM condena a banalização de tais preconceitos e, como organismo que visa, sobretudo, enfrentar a desigualdade para promover a igualdade entre os gêneros, a Secretaria repudia esse tipo de “humor” e qualquer forma de violação dos direitos das mulheres. Humor inteligente e transgressor não se faz com insultos e nem preconceitos. A sociedade não quer voltar à era da intolerância e, sim, dar um passo adiante.

Secretaria de Políticas para as Mulheres

terça-feira, 17 de maio de 2011

Cenas da Pensão - Parte 1

Em Campinas eu moro numa pensão que foi batizada, carinhosamente, pelos antigos moradores de Pensão dos Ratões. Um dia o Rafael chegou a me explicar o porquê do nome, mas confesso que não lembro mais.
Na Pensão moram cerca de 17 pessoas, algumas de outras nacionalidades. Atualmente temos um Cubano e um Inglês. Porém, quando cheguei no lugar, há mais de uma ano, tinha uma chinesa de hábitos "suspeitos" habitando a pensão. Quando digo hábitos suspeitos me refiro aos hábitos de higiene. Não entrarei em detalhes técnicos, mas posso dizer que o banheiro ficava num estado de petição de miséria quando ela acabava de usá-lo. Além disto, ela tinha um pote plástico onde levava sua marmita do dia para a faculdade. O detalhe é que ela NUNCA lavava o pote por fora, só por dentro. Imaginem o estado do utensílio...
Morar com pessoas tão diferentes, de hábitos, costumes e locais diferentes não é tarefa das mais fáceis, mas confesso que a gente aprende muito e também se diverte.
A Pensão é de um japonês chamado Ruy (nós o chamamos de SEU Ruy). Ele tem mais de 70 anos e transpira saúde. O pessoal da pensão costuma dizer que ele tem mais disposição e preparo físico do que qualquer um de nós que mora aqui. E eu acho que isto realmente é verdade. Seu Ruy é muito conservado e se preocupa muito com a saúde. Posso dizer também que ele é o rei da gambiarra. Qualquer coisa que quebre na Pensão, ele é quem conserta. Chamar uma pessoa da área, nem pensar, pois isto geraria gastos extras, coisa que seu Ruy não quer de jeito nenhum.
Só para vocês terem uma ideia, faz algum tempo ele estava trocando um vaso sanitário do banheiro: tirou um e trocou por outro. Por conta deste trabalhinho, seu Ruy deixou no nosso quintal três vasos sanitários. Eles estão ali há quase dois meses, pegando chuva, sol e servindo de decoração.
Dia desses eu tava observando as patentes e lembrei-me de Duchamp, artista dadaísta e surrealista responsável pelo conceito de ready made, e sua famosa obra "A Fonte", que é exemplo deste conceito. A obra é um urinol comum, branco, comprado numa loja de construção e foi enviado pelo artista para participar de um concurso de artes nos EUA. A obra foi rejeitada pelo júri por não conter "labor artístico".

Marcel Duchamp

A Fonte

Opiniões à parte, observando os 3 vasos sanitários no jardim da pensão lembrei-me do artista e sua obra e resolvi fazer uma pequena homenagem através de uma releitura. Estes aqui são os nossos vasos sanitários decorativos antes da minha intervenção:

Agora, com a minha intervenção:

Só uma pequena observação: Duchamp usou o pseudônimo de R. Mutt ao enviar a obra para o concurso de artes.

Brincadeiras à parte, o Seu Ruy deveria se tocar que estes vasos sanitários no jardim são perfeitos para o mosquito da dengue se proliferar. De vez em quando eu ou o Rafa tiramos a água que se acumula ali, mas a minha aposta é que os vasos continuarão no jardim por muito tempo.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Conversa entre dois bebês

E aí, mano?

- Beleza, cara?

- Ah, mais ou menos. Ando meio chateado com algumas coisas.

- Quer conversar sobre isso?

- É a minha mãe. Sei lá, ela anda falando umas coisas estranhas, me botando um terror, sabe?

- Como assim?

- Por exemplo: há alguns dias, antes de dormir, ela veio com um papo doido aí. Mandou eu dormir logo senão uma tal de Cuca ia vir me pegar. Mas eu nem sei quem é essa Cuca, pô. O que eu fiz pra essa mina querer me pegar? Você me conhece desde que eu nasci, já me viu mexer com alguém?

- Nunca.

- Pois é. Mas o pior veio depois. O papo doido continuou. Minha mãe disse que quando a tal da Cuca viesse, eu ia estar sozinho, porque meu pai tinha ido pra roça e minha mãe passear. Mas tipo, o que meu pai foi fazer na roça? E mais: como minha mãe foi passear se eu tava vendo ela ali na minha frente? Será que eu sou adotado, cara?

- Como assim, véio?

- Pô, ela deixou bem claro que a minha mãe tinha ido passear. Então ela não é minha mãe. Se meu pai foi na casa da vizinha, vai ver eles dois tão de caso. Ele passou lá, pegou ela e os dois foram passear. É isso, cara. Eu sou filho da vizinha. Só pode!

- Calma, maninho. Você tá nervoso e não pode tirar conclusões precipitadas.

- Sei lá. Por um lado pode até ser melhor assim, viu? Fiquei sabendo de umas coisas estranhas sobre a minha mãe.

- Tipo o quê?

- Ela me contou um dia desses que pegou um pau e atirou em um gato. Assim, do nada. Maldade, meu! Vê se isso é coisa que se faça com o bichano!

- Caramba! Mas por que ela fez isso?

- Pra matar o gato. Pura maldade mesmo. Mas parece que o gato não morreu.

- Ainda bem. Pô, sua mãe é perturbada, cara.

- E sabe a Francisca ali da esquina?

- A Dona Chica? Sei sim.

- Parece que ela tava junto na hora e não fez nada. Só ficou lá, paradona, admirada vendo o gato berrar de dor.

- Putz grila. Esses adultos às vezes fazem cada coisa que não dá pra entender.

- Pois é. Vai ver é até melhor ela não ser minha mãe mesmo... Ela me contou isso de boa, cantando, sabe? Como se estivesse feliz por ter feito essa selvageria. Um absurdo. E eu percebo também que ela não gosta muito de mim. Esses dias ela ficou tentando me assustar, fazendo um monte de careta. Eu não achei legal, né. Aí ela começou a falar que ia chamar um boi com cara preta pra me levar embora.

- Nossa, véio. Com certeza ela não é sua mãe. Nunca que uma mãe ia fazer isso com o filho.

- Mas é ruim saber que o casamento deles não está dando certo... Um dia ela me contou que lá no bosque do final da rua mora um cara, que eu imagino que deva ser muito bonitão, porque ela chama ele de 'Anjo'. E ela disse que o tal do Anjo roubou o coração dela. Ela até falou um dia que se fosse a dona da rua, mandava colocarladrilho em tudo, só pra ele passar desfilando e tal.

- Nossa, que casamento bagunçado esse. Era melhor separar logo.

- É. só sei que tô cansado desses papos doidos dela, sabe? Às vezes ela fala algumas coisas sem sentido nenhum. Ontem mesmo, ela disse que a vizinha cria perereca na gaiola... já viu...essa rua só tem doido...

- Ixi, cara. Mas a vizinha não é sua mãe?

- É mesmo! Tô ferrado de qualquer jeito.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Irena Sendler


Algumas histórias merecem ser contadas. Hoje faz 3 anos que Irena Sendler faleceu. Saiba um pouco mais sobre a vida desta grande alma nos links abaixo:

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/401169-morre-irena-sendler-que-salvou-2500-criancas-judias-durante-holocausto.shtml

http://pt.wikipedia.org/wiki/Irena_Sendler

terça-feira, 10 de maio de 2011

Recebi um e-mail com este texto, mas não tinha nenhum link, nenhuma referência. Fico sempre receosa de postar algo sem referência alguma, mas felizmente, o santo Google me ajudou. O texto original está publicado aqui!


De frequentador da zona a crítico dos juros altos, José Alencar está a caminho da canonização
UCHO HADDAD.jpg
Texto de Ucho Haddad

No Brasil, a exemplo do que ocorre em boa parte do planeta, exigir coerência no mundo político é a mais hercúlea das tarefas. Quiçá não seja uma empreitada completamente impossível. Quando um político passa para o outro lado da vida, se é que isso de fato existe, suas mazelas chegam à sepultura muito antes do cadáver. O mau vira bom, o desonesto vira honesto, o implacável vira um coitado. Sem querer duvidar da sua honestidade, esse cenário já recobre a morte de José Alencar Gomes da Silva, vice-presidente da República nos dois mandatos de Lula da Silva (2003-2010), que morreu em São Paulo após mais de uma década de luta contra um câncer abdominal.
Tão logo subiu a rampa do Palácio do Planalto pela primeira vez, José Alencar não demorou a tecer suas críticas contra as altas taxas de juros. Mal sabia Alencar que os banqueiros derramaram verdadeiras fortunas na campanha de Lula e ao incauto povo brasileiro cabia pagar a conta. Como cabe até hoje. E o esperneio discursivo do empresário José Alencar pouco adiantou. Fosse um homem coerente, Alencar teria alcançado o boné e renunciado. Só não o fez por conta de interesses maiores.
Ano e meio depois de tomar posse ao lado de Lula, o simpático José Alencar adotou obsequioso silêncio diante do escândalo que ficou nacionalmente conhecido como “Mensalão do PT”, esquema criminoso de cooptação de parlamentares que trocaram a consciência por um punhado de dinheiro imundo. É verdade que todos são inocentes até prova em contrário, mas no PT de outrora rezava a regra de que para condenar alguém bastavam apenas evidências. A profecia é de autoria de José Dirceu de Oliveira e Silva, o Pedro Caroço, figura com a qual José Alencar conviveu sem qualquer reserva.
O agora santificado José Alencar apostou nas palavras do companheiro Lula, que certa vez disse com todas as letras que a China é uma economia de mercado. Certo de que o parceiro palaciano sabia das coisas, Alencar deflagrou um processo para abrir uma unidade de seu conglomerado têxtil no país da lendária muralha. Mesmo com o Brasil sofrendo há anos a concorrência desleal dos fabricantes chineses de tecidos e afins, Alencar exigiu que o projeto fosse cumprido à risca. E o mercado brasileiro de tecidos, que deveria ser defendido pelas autoridades verde-louras e também pelo então vice-presidente, foi mandado às favas inclusive por José Alencar.
Por ocasião da CPI dos Correios, que acabou investigando a fonte de financiamento do Mensalão petista, o nome da Coteminas veio à baila, pois a empresa de José Alencar recebeu em uma de suas contas bancárias um depósito de R$ 1 milhão feito pelo PT. Alencar, que logo tratou de isentar de qualquer culpa o seu conglomerado empresarial, alegou que as explicações deveriam ser cobradas do próprio PT. A operação, segundo José Alencar, decorreu do fornecimento de 2,75 milhões de camisetas aos candidatos petistas nas eleições municipais de 2004. O então presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, informou a José Alencar, horas depois da eclosão do escândalo, que o repasse à Coteminas não foi contabilizado pelo partido. A dívida, de R$ 12 milhões, correspondia à época a 50 carretas abarrotadas de camisetas. Para contemplar as necessidades de Lula e Alencar, o caso foi devidamente abafado.
Guindado ao Ministério da Defesa por decisão de Lula, o empresário José Alencar viu a sua Coteminas vender cada vez mais uniformes para o Exército brasileiro. Coincidência? Talvez, mas na política essa palavra não existe no dicionário.
Em 2006, ao aceitar o convite para novamente fazer dupla com Lula da Silva, José Alencar acabou por endossar o “Mensalão” e outros tantos escândalos de corrupção patrocinados pelo Partido dos Trabalhadores e por muitos palacianos. Na ocasião eclodiu o escândalo do Dossiê Cuiabá, conjunto de documentos apócrifos para prejudicar os então candidatos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra. Mais uma vez, diante de um novo escárnio com a digital da esquerda brasileira, Alencar preferiu submergir.
No quase infindável imbróglio da Varig, coube a José Alencar aproximar o empresário Constantino Oliveira, o nada diplomático Nenê, do presidente Lula, que implorou para que o dono da Gol comprasse a outrora mais importante companhia de aviação do País. Muito estranhamente, Nenê Constantino, tão mineiro quanto José Alencar, atendeu aos apelos de Lula e arrematou a Varig por US$ 300 milhões, uma empresa que estava resumida à própria marca. Até hoje ninguém conseguiu entender a transação que nem mesmo o mais incauto investidor seria capaz de apostar suas economias, mas o universo do poder tem essas situações inexplicáveis.
Em agosto de 2010, ao ser entrevistado pelo apresentador Jô Soares, o nada elegante José Alencar aceitou falar sobre o processo de investigação de paternidade que lhe movia Rosemary de Morais, sua suposta filha, e a recusa em se submeter a um teste de DNA. Ao apresentador global o agora bonzinho José Alencar repetiu o que disse à Justiça. Que a mãe de sua suposta filha era prostituta e que ele [José Alencar] foi um frequentador contumaz das zonas de meretrício das cidades onde morou desde jovem. Ao expor a mãe da sua suposta filha de forma tão covarde e aviltante, José Alencar não apenas escancarou o seu caráter, mas mostrou ao mundo ser ele alguém bem diferente daquele que hoje, após a morte, a consternada população brasileira tenta canonizar.
Ter pena de José Alencar por conta da sua luta contra o câncer não causa espanto. Mas há milhares de brasileiros na mesma situação de Alencar e que lamentavelmente dependem do sistema público da saúde para lutar contra a morte. Esses sim são bravos lutadores, dignos de pena e do respeito incondicional de todos.
Em momento algum quero festejar a morte de alguém, até porque esse é o tipo de atitude que não se toma nem mesmo com os mais figadais inimigos, mas não se pode alçar aos céus com tanta rapidez quem ainda tem contas a acertar com o Criador.
De igual maneira, a minha manifestação não se trata de moralismo oportunista, mas serve como apelo aos brasileiros para que releiam a recente história política nacional e que mantenham a coerência no momento em que mais um político se despede da vida terrena.
Errar é humano, é verdade, mas o erro pontual pode ser transformado em plataforma de acertos futuros se o errante tiver um mínimo de massa cinzenta. Como sempre escrevo, digo e não canso de repetir, sou o melhor produto dos meus próprios erros. Ainda bem! E é por isso que espero que no momento da minha morte os meus inimigos preservem a coerência e mantenham as críticas que me fizeram ao longo da vida. Só assim descansarem em paz, ciente de que mesmo longe dessa barafunda continuarei coerente e incomodando.
O meu finado pai, que tantos bons exemplos me deixou, por certo não encontrou minha mãe na zona mais próxima, mas os que me odeiam podem continuar me chamando de filho da puta – o genial Jânio Quadros dizia que o melhor é se referir ao desafeto como “filho de puta” – com a anuência da minha respeitadíssima genitora. Fora isso, é preciso considerar que, assim como acontece com os árbitros de futebol, jornalistas políticos polêmicos sempre têm uma mãe sobressalente para os costumeiros e inevitáveis xingamentos.

E que o Criador escute as minhas preces e dispense ao ser humano José Alencar o tratamento devido, pois a sua luta pela vida foi inglória. Amém!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

quinta-feira, 5 de maio de 2011

terça-feira, 3 de maio de 2011

Primeira aula de Yoga

Este foi um dos textos mais engraçados que já li na minha vida. Eu me senti da mesma forma que o autor quando comecei a fazer aulas de Body Balance. No começo pensei em desistir, mas com o tempo adquiri prática e resistência. Só parei de fazer as aulas porque a academia que eu frequentava parou de oferece-las. Para ler, acesse este link.