sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O Morcego


Sexta-feira é o dia que eu tenho estágio e grupo de pesquisa na UNESP e por isto preciso ir para SP. Minhas atividades começam às 10h30 e terminam por volta das 14h e tenho ido sempre de carona. Na ida já tenho um carona fixo, mas para voltar é sempre uma novidade, uma pessoa diferente.

Esta semana, porém, meu carona não pôde ir. Arranjei outro e por isto hoje fiquei num lugar diferente do qual meu carona usual sempre costuma me deixar.

Valeu a pena porque aprendi a usar a tal da Ponte Orca do metrô. É um micro-ônibus/van que você pega para ir de uma estação a outra. No meu caso, a ponte que eu peguei não era tarifada, mas acontece de ser em algumas estações. É super tranquilo porque você pega uma senha, vai para a fila e aguarda o ônibus chegar. Já comentei em outro post que aqui em SP as pessoas fazem fila para entrar no ônibus. Não é a mesma doidera de Blumenau, onde o povo fica se matando para entrar nos coletivos. Você paga apenas 1 passagem de metrô. Quando chega na outra estação, você simplesmente entrega a senha e passa pela catraca sem pagar. Muito legal.

No meu caso fui de ORCA da estação de trem Cidade Universitária (onde meu carona me deixou e onde eu paguei a passagem) até a estação do metrô Vila Madalena. Eu poderia ter ido de trem até a Barra Funda (meu destino final, onde fica a UNESP), mas decidi testar a ORCA. Além disto, peguei trem um dia desses e não gostei muito da experiência.

Na estação Vila Madalena tem diversos poemas escritos nas paredes. Um deles eu já tinha lido há muito tempo, na época da escola. O escritor é Augusto dos Anjos, um poeta extremamente pessimista, mas que eu gosto muito. O pessimismo dele é muito engraçado, quase caricato. Gosto muito deste poema porque dá margem a muitas reflexões. Coloco ele aqui no blog para compartilhá-lo e gostaria que vocês dissessem o que acharam.

O MORCEGO

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

"Vou mandar levantar outra parede..."
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!


OBS: Eu não tenho absolutamente NADA contra morcegos. Até vou com a cara dos bichinhos. Não estou fazendo apologia à matança deles, mas acho muito interessante o ponto que o poeta deseja destacar e espero que todos compreendam. Os morcegos são fundamentais para a polinização e para outros aspectos do equilíbrio ambiental. Não matem estes simpáticos seres!


4 comentários:

Claus Jensen disse...

Bom conhecer todos esses detalhes de mobilidade.
O poema é muito legal, fez bem em compartilhá-lo, afinal de outra forma só indo para aí. Fiquei curioso como ele estaria escrito na parede. Tens foto?
Abs e bom final de semana p/ vcs.

Dom Moleiro disse...

Acredito que a consciencia humana é mais que um morcego.É um fantasma assustador .
bjsss

Ana Karina disse...

Simpatizar com os bichinhos eu não simpatizo não, mas deixa eles lá no cantinho deles... pra que matar né?
:P

Carol, tuas dissertações são boas demais!! #ADORO!

Beijos.

Dom Moleiro disse...

Carol ,não consegui acessar o endereço que vc enviou.Deu erro diversas vezes .
Quando vc quiser ,é só me mandaras medidas e a cor predileta e faço um banquinho para suas crianças .Não sou marceneiro ,mas consigo fazer algumas coisinhas com madeira
Bjsss