quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Estupros e violência em Barão Geraldo

Hoje acontecerá uma passeata para protestar contra a onde de estupros que vem acontecendo em Barão Geraldo, perto da Unicamp, onde eu moro. A contração será às 15h, no Balão na entrada da Unicamp, na Avenida 1 (Av. Romeu Tórtima).

Na minha opinião, as coisas tomaram esta proporção por conta das declarações infelizes que o delegado deu. Além de colocar a culpa nas vítimas, dizendo que elas andavam sozinhas, desacompanhadas e em horários inapropriados, ele falou que não há motivo para preocupação porque o número de casos registrados está dentro da média.

Eu duvido que se a mãe, a esposa ou a filha dele tivessem sido estupradas, ele trataria o caso como mais um dentro da média.

É por conta destes funcionários sem noção que muitas mulheres violentadas não registram queixa. Na grande maioria, sempre se tenta transformar a vítima em culpada. A roupa que ela tava usando e a sua vida sexual não são desculpas para que alguém seja estuprado. Muitas vezes quando uma mulher chega na delegacia, os policiais perguntam pra ela qual roupa ela estava usando. O QUE ISTO INTERESSA? A pessoa pode estar PELADA que ninguém tem o direito de encostar a mão nela. O tamanho da saia não é justificativa para o estuprador fazer o que faz.

Por causa do medo, eu não ando mais sozinha. Sempre que saio é acompanhada e acho isto um absurdo. Eu me sinto como se tivesse perdido minha liberdade de ir e vir. Por causa disto, e em solidariedade às vitimas deste crime horrível, eu estarei na passeata. Se conseguir, tirarei algumas fotos e postarei aqui no blog.. Bastante gente que eu conheço vai participar e espero que isto ajude a melhorar um pouco as coisas por aqui.

E vale lembrar:

"Estupro é crime, independente da roupa, do comportamento e de qualquer outro pretexto que se possa pensar. A culpa é do estuprador. Todas as mulheres devem ter direito de se vestir como quiserem e ninguém tem o direito de mexer, fazer gracinhas ou violentá-las".

Para saber mais sobre os casos, seguem os links de duas matérias que saíram no jornal local:

E este aqui foi um e-mail que recebi, noticiando mais um caso:

"Na última sexta-feira foi notificado mais um caso de estupro em Barão Geraldo, desta vez perto da moradia da Unicamp. Infelizmente este não é um caso isolado, o que se comprova pelo absurdo de três estupros em apenas duas semanas, um deles perto de um distrito policial próximo à Unicamp. A própria universidade muitas vezes mascara estes dados ao abafar os casos de estupro e mostra total descaso com esta violência brutal ao não tomar medidas, ainda que mínimas, que garantam a integridade física das estudantes, como iluminação adequada, circular interno, e seguranças com concurso público, preparados para prevenir casos como este e receber estudantes que tenham sofrido tamanho trauma.

A resposta da polícia a esta situação, que vem assustando e indignando principalmente moradoras e estudantes, é dizer que é normal em um local com muitos moradores de cidades menores e outros países, que não têm o hábito de tomar os mesmos cuidados que quem já mora em Campinas, haver este tipo de crime. De acordo com o delegado do 7º DP, Tadeu de Almeida, não há motivo para preocupação, já que o número de casos registrados está dentro da média esperada.

Achamos que o machismo é uma ideologia imperante em nossa sociedade, que tem o estupro como sua face mais perversa; repudiamos a declaração do delegado, que apenas naturaliza esta ideologia, isto é, a própria opressão. É um direito nosso, das mulheres, de ter relações sexuais com quem queremos, mas também é nosso direito de dizer NÃO. E a culpa não é e nunca pode ser jogada na vítima: não é possível que tenhamos nossa liberdade cerceada, que sintamos medo toda vez que saímos de casa ou que usamos tal ou qual roupa.

Porém, também acreditamos que as saídas individuais, como as aulas de defesa pessoal, não bastam. Além de medidas imediatas que busquem prevenir a violência machista, devemos nos organizar, mulheres e homens trabalhadores e da juventude, para combater essa ideologia. E identificar qual o nosso verdadeiro inimigo: o capitalismo, que utiliza do machismo para melhor oprimir e explorar o povo, dividindo mulheres e homens trabalhadores numa luta entre si.

Exigimos nosso direito de estudar e trabalhar sem ter receio na hora de voltar para nossas casas! Exigimos nosso direito de usar minissaias e roupas que desejamos sem o medo de que sejamos as próximas a serem estupradas! Exigimos nosso direito de ter relações sexuais com quem quisermos!

ACORDA UNICAMP!"

Este muro é próximo a minha casa. Eu moro perto da delegacia, mas nem por isto eu me sinto segura.




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